Com sua raça e vontade, Fabrício reflete o espírito de todos os jogadores do Cruzeiro em relação ao jogo diante do Ceará.
Se havia alguma dúvida sobre a presença do volante Fabrício na decisão de domingo, às 17h, no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, contra o Ceará, pela penúltima rodada do Campeonato Brasileiro, o jogador as eliminou e garantiu até mais: “Estou com fôlego para jogar 180 minutos. O coração está batendo forte. É o jogo da nossa vida. Se perdermos, pode não haver mais tempo para recuperação. Então, vamos vencer e chegar ao céu. Nada de inferno”.
E como ele treinou! Parecia um menino, tamanha a disposição. Depois das atividades ainda deu piques de 50 metros em alta velocidade e se apresentou para dar entrevistas todo empolgado: “Agora é a hora”.
Nos dois últimos jogos, Fabrício reclamou de muito cansaço. No empate contra o Atlético-PR chegou a pedir ao técnico Vágner Mancini para sair na metade do segundo tempo, alegando que havia esgotado sua energia na primeira etapa. Mantido em campo, sem pernas, jogou com o coração. Com uma semana de preparação, garante ter condição para as exigências da partida: “Agora não tem mais para onde correr, falar e fazer contas. Chegou o momento decisivo. É para jogar mesmo. Eu adoro esses momentos. É diferente, não é igual a título, claro, mas não deixa de ter adrenalina alta. É gostoso ficar com a cabeça totalmente voltada para o jogo, com estádio lotado, estilo Libertadores”.
Quem acompanha Fabrício sabe que ele pode estar vivendo seus últimos momentos na Toca. Chegou em 2008, trazido pelo técnico Adílson Batista. Estava no Jubilo Iwata, do Japão, mas antes dessa transferência o Cruzeiro tentou trazê-lo do Corinthians, em 2005, e não conseguiu. Agora, clubes de São Paulo e do Rio disputam seu futebol. Ele, a exemplo de Montillo, pediu a seu procurador para conversar sobre contratos e propostas apenas ao término da temporada. Quer focar 100% no Cruzeiro. A situação do time não permite nenhum outro pensamento.
“Tenho contrato até dia 31 de dezembro, mas o pensamento é só nesses jogos (depois o clássico com o Atlético). São Paulo e Flamengo são os maiores interessados e ele chegou a brincar com a situação: “Engraçado. Será que eu não vou ficar é no Cruzeiro?”.
Recuperação de Leo A surpresa no treinamento foi a presença de Leo, que se recuperou de estiramento na coxa esquerda, na zaga titular ao lado de Victorino – no primeiro coletivo, havia treinado Cribari. A previsão inicial era de 10 dias para a recuperação, mas Leo já está pronto para jogar: “Foi uma recuperação boa. A gente sabe que tem um protocolo a ser seguido, mas em situações como a atual a gente tem que acelerar . Ainda não posso dizer que estou garantido. Vamos esperar os dois últimos treinamentos para ver a reação do músculo, mas quero jogar. Preciso muito dessa vitória contra o Ceará para colocar o Cruzeiro distante da zona de rebaixamento”.
Nas contas dos jogadores, bastará a vitória, mais a derrota do Atlético-PR, para o Cruzeiro garantir a permanência na Série A. “E todos sabem que isso é bem possível”, disse Leo.
Do time que treinou ontem, Everton entrou no lugar de Ortigoza no final. Pode ser uma situação para ser usada caso o Cruzeiro seja obrigado a manter a vantagem nos instantes finais. A concentração começou logo depois.