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Presidente Zezé Perrella assume responsabilidade pela má fase do clube, mas pede reconhecimento pelos títulos conquistados



Apontado por boa parte da torcida como principal responsável pela péssima campanha do time e a ameaça de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o ainda presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, enfrenta em Atibaia sério problema na coluna causado por uma hérnia de disco. Ele se diz magoado com as críticas e acusações de que usou o clube em benefício próprio e expressa confiança em ver o time reagir a partir de domingo contra o Internacional, em Sete Lagoas, pela 34ª rodada. Dirigente com mais títulos expressivos nos quase 91 anos de história celeste (23, por suas contas), ele espera entregar o cargo em janeiro livre do inferno astral, para cuidar apenas das atividades de senador, em Brasília.

Qual a sua parcela de culpa nesta péssima campanha do Cruzeiro?

A responsabilidade maior é minha, quando as coisas vão mal o dirigente é o culpado. Só queria também ser responsabilizado e reconhecido quando fomos vencedores. Ninguém se lembra do dirigente quando o time é campeão. Parece que não teve nenhuma participação e é o grande vilão.

O senhor é criticado por ter desmontado um time pronto e vencedor, sem repor as peças à altura...
Veja bem, Henrique esteve conosco quatro temporadas e sempre hesitei em vendê-lo. Chegou o momento em que o parceiro (Grupo BMG) não aceitou mais deixá-lo aqui e fomos obrigados a liberá-lo. Thiago Ribeiro, que para mim era o nosso grande trunfo, teria o contrato encerrado em um ano e o perderíamos. Fomos obrigados a vendê-lo para que o clube arrecadasse US$ 2 milhões. Não daria um prejuízo desses ao clube perdendo o jogador de graça. Dudu, de quem tanta gente fala, é excelente jogador, mas nem sequer foi titular. O time não se desfez pela ausência dele. Jonathan foi vendido no ano passado e não fez parte da Libertadores deste ano. Demos o azar de perder Wallyson, com contusão grave. Tentei repor as peças. Brandão foi indicado pelo Cuca e era um dos nossos maiores salários. Não deu certo. Trouxemos Bobô e Keirrison, reconhecidos internacionalmente. O problema é que ambos se machucaram, mas ainda contamos com eles nesta reta final. Portanto, nosso maior problema foram as contusões. Busquei o que havia de melhor disponível no mercado, mas as peças não encaixaram. Engraçado que eu era tido e havido como o melhor presidente do Brasil e o que negociava melhor. Vendi Fábio Júnior, Evanílson, Dida, Geovanni por verdadeiras fortunas, montei times sem eles e fui campeão. Todos me elogiavam, me davam parabéns. Hoje, que negociei jogadores medianos, estou errado? Montillo é o nosso maior craque. Temos 60% dos direitos econômicos dele e recusei uma proposta de 10 milhões de euros dos russos. Isso o torcedor não quer enxergar. Os parceiros que detêm os outros 40% estavam doidos para vendê-lo, bati o pé e não o negociei.

E a acusação de ter abandonado o clube nesta temporada?

Em 2000, quando fomos campeões da Copa do Brasil, eu era deputado federal. Ninguém me acusou de estar ausente. Sempre deleguei poder aos meus diretores e acompanhei tudo. O papel do dirigente é buscar recursos, contratar, formar parcerias, e isso sempre fiz bem. Aliás, o Cruzeiro foi o primeiro clube brasileiro a se tornar empresa. Dizem que não ganhei nada nos últimos três anos, mas fomos duas vezes campeões mineiros, vice da Libertadores e do Brasileiro. Isso não vale nada?

E se o time cair, todo o trabalho nesses 16 anos irá por água abaixo?

Não acredito em queda. Já vivemos situação semelhante em 1997, quando fomos campeões da Libertadores e não caímos no Brasileiro por um ponto (na verdade, dois). O Cruzeiro não vai cair, o torcedor pode acreditar. Quanto à avaliação do meu trabalho, deixo para os torcedores de bem, não para os que só querem denegrir minha imagem. São 23 títulos em 16 anos, um clube estruturado, que paga em dia, tem patrimônio invejável e crédito na praça. Acho que isso diz tudo sobre minha administração. Devo ser julgado pelo conjunto da obra e sei que esse conjunto é para lá de positivo. Na minha gestão, o Cruzeiro ganhou 65% dos títulos que disputou.

Torcedores, principalmente nas redes sociais, o acusam de usar o clube em benefício próprio...
Quando assumi o Cruzeiro, coloquei do meu bolso, dinheiro da minha empresa, R$ 1,5 milhão para pagar despesas e estruturar o clube. Esse dinheiro hoje representaria mais de R$ 30 milhões e jamais cobrei um centavo de juros. Dediquei 16 anos da minha vida ao clube sem ganhar nada, justamente porque amo o Cruzeiro e sou torcedor. O problema é que essa minoria de duas centenas que se dizem torcedores quer denegrir a minha imagem. Não são torcedores de verdade, e sim gente que quer tumultuar. Ingratidão e falta de reconhecimento me dão tristeza. Justamente por isso resolvi não me candidatar mais.

Por que o senhor não tem ido aos jogos?
Fora, tenho ido. Na Arena do Jacaré, não. Vou à Toca, almoço com os jogadores, participo da preleção e vejo as partidas em casa. Tenho família e não estou aqui para ser hostilizado por uma centena de gente que não quer o bem do Cruzeiro. Mas eles podem ter certeza de que vamos permanecer na Primeira Divisão e vou seguir meu caminho em dezembro com a missão cumprida. Fiz do Cruzeiro um time vencedor, um time do mundo.

Mas se o time cair, qual será a sua postura?
Vai ser a coisa mais triste da minha vida, mas prefiro não pensar. Reafirmo que não vamos cair. Mas se por acaso acontecer isso não acaba com o trabalho que fiz. Foram 16 anos de dedicação, títulos, glórias, respeito, e de um time muitas e muitas vezes campeão.
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