Em entrevista, o dirigente falou sobre os principais episódios da sua gestão nesses 100 dias.
Montillo, o grande trunfo
O início da era Gilvan de Pinho Tavares foi marcado pela novela em torno do camisa 10. Corinthians e São Paulo oficializaram propostas por Montillo, que admitiu a vontade de defender o time alvinegro por conta da alta oferta salarial. O presidente resistiu às pressões internas e externas para venda do jogador e segurou o atleta na Toca da Raposa II. Para o mandatário, manter Montillo foi o grande feito da sua gestão até o momento.
“Manter o Montillo foi uma vitória, porque ele estava sendo assediado por grandes clubes, que ofereciam salários irreais, principalmente para o futebol mineiro. Conseguimos mantê-lo, não poderíamos perder nossa referência maior. Foi uma vitória e será uma vitória para conseguirmos ampliar o programa sócio do futebol. Estou certo de que ele vai ser fator importante para manutenção do programa de sócio, que vai nos possibilitar manter grandes jogadores e trazer outros nomes”, avaliou.
Marcas da briga contra o rebaixamento
Gilvan considera positivo o rendimento do Cruzeiro na temporada, depois de começar o ano com derrotas e carregando o fardo negativo da briga contra o rebaixamento no ano anterior. “Pelos números, tenho que considerar ser bastante positivo este início. Assumi em janeiro e tive de refazer o plantel quase todo. Saímos de um ano anterior de quase rebaixamento e conseguimos levantar moral da equipe”, analisou.
”Depois de derrota na estreia, ganhamos todas as partidas, começamos a Copa do Brasil com vitória e estamos disputando o primeiro lugar do Campeonato Mineiro com o Atlético. Agora teremos a definição da primeira colocação na última rodada. Começamos com uma participação muito melhor que ano passado”, completou o presidente.
Salários atrasados e motivos da crise financeira
Logo no primeiro mês de Gilvan no comando do Cruzeiro, o clube celeste acabou atrasando salário dos jogadores. O presidente chegou a ironizar o atraso. “Essa miséria que os jogadores ganham, se atrasar três dias, faz muita falta”, disse Gilvan à época. A atitude provocou a reação dos atletas, que entregaram uma carta aberta em repúdio às palavras do mandatário.
Depois de 100 dias, Gilvan se envaidece ao afirmar que controlou a situação financeira ruim do clube e atualmente paga salários de forma adiantada.
“No primeiro mês, pegamos as estruturas combalidas. Conseguimos acertar essa questão. Os salários têm sido pagos com antecedência, como foi nesse último mês. Já estamos conseguindo organizar o Cruzeiro nessa parte. Espero que torcida entenda isso. Espero que com a reinauguração do Independência que a torcida venha e possa aderir ao sócio do futebol”.
O presidente isentou a gestão anterior de Zezé Perrella da culpa pelos cofres vazios. Para Gilvan, a ausência do Mineirão foi o principal fator para a crise financeira. “O Cruzeiro passou a jogar no interior e na Arena do Jacaré, que é um estádio acanhado e longe de Belo Horizonte. A torcida do Cruzeiro não só não comparecia em número grande, como também os sócios deixaram de contribuir. Eram 20 mil sócios, que perdemos esses valores. Isso resultou em prejuízo de mais de R$ 20milhões por ano. Com isso, nosso caixa ficou vazio. Nós não tivemos condições de reformular o plantel. Ainda assim, consegui contratar atletas que estão rendendo o suficiente”, analisou.
A pressão sobre Dimas e a troca por Alexandre Mattos
Gilvan admitiu que a pressão por resultados foi fator preponderante para a saída de Dimas Fonseca, mas avaliou que o ex-diretor não foi o único culpado pelos resultados ruins do time desde o segundo semestre do ano passado.
“O Dimas sofreu muita pressão por causa desses fatores (financeiros) e que não foram causados por ele. Um clube sem renda não pode ter um plantel à altura. E ainda houve contusões importantes, perda de jogadores que os investidores exigiram a saída. A culpa caiu toda nas costas dele, embora ele não fosse único culpado”, disse Gilvan.
”A família o cobrou, ele é um grande empresário e não precisava passar por isso. Ele achou que estava na hora de parar e nós tivemos a felicidade de, com aprovação a dele, contratar o Alexandre Mattos, que está sendo uma revelação no Cruzeiro. Tenho certeza que daqui a alguns anos será considerado um dos maiores diretores do Brasil. O Alexandre é muito competente e já demonstrou isso, como na contratação do Alex Silva. Estou muito feliz”, completou.
Contratações para o Brasileiro?
Questionado sobre investimentos para a disputa do Campeonato Brasileiro, Gilvan explicou que, embora controlada, a atual situação financeira do clube não permite a diretoria realizar grandes contratações. Para ele, com pequenos ajustes, o atual plantel tem condições de brigar pelo título nacional.
“Com essa situação em que estamos, não tenho dinheiro para desembolsar por grandes atletas, que são muito caros. Faremos as contratações com a ajuda de investidores, nos setores que o Vágner acha que plantel vai necessitar. Com indicações do Mancini, e supervisão do Alexandre Mattos, vamos olhar as posições carentes”, avaliou.
“Falta pouco para podermos brigar por título. Já estamos com reforço na zaga e nosso ataque é considerado bom. Precisamos reforçar um ou outro setor. Estamos apenas com um lateral-direito de ofício, precisamos contratar outro. Precisamos reforçar uma ou outra posição. É pouco para fortalecer e podermos disputar em bom nível com qualquer outra equipe”, concluiu.
Via: SuperEsportes