Planejada há pouco mais de 113 anos para ser a nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, rapidamente, se expandiu além das previsões dos mais otimistas da época. Prova disso é que a cidade não obedeceu ao planejamento de urbanização limitado à Avenida do Contorno, e fugiu rapidamente dos primeiros limites demarcados. A capital, carinhosamente conhecida como BH, perpassou o século XX e entrou no século XXI com todos os ônus e bônus, vícios e virtudes da contemporaneidade. Moldada pelas mãos de migrantes do interior de Minas, de outros estados e, sobretudo, da Europa, Belo Horizonte passa agora por um novo planejamento.
Confiante no trabalho realizado, Sérgio Barroso lembrou que um dos trunfos da capital mineira é ter o palco do espetáculo, o Mineirão, pronto antes de todos os outros estádios das outras cidades-sedes. Em várias ocasiões, inclusive, o secretário não perdeu a oportunidade de alfinetar o atraso nas obras do Itaquerão, em São Paulo, que também está na disputa.Tão ou mais ambicioso que o projeto original, Belo Horizonte se prepara para ser o cartão de visitas do Brasil, não só para mineiros, brasileiros ou europeus, mas para todos os povos do planeta. O objetivo é receber o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014. Na disputa com São Paulo, Brasília e Salvador para ter a partida inicial, Belo Horizonte usa como trunfo a disciplina e a organização dos projetos para o Mundial. Nas palavras do secretário extraordinário da Copa do Mundo, Sérgio Barroso, “a meritocracia deve ser respeitada”.
Tiago Lacerda lembrou que os cerca de R$ 1,5 bilhão previstos para a área de mobilidade também contemplam melhorias viárias e rodoviárias. Valor pouco menor, até o momento, será investido na rede hoteleira: R$ 1,1 bilhão. Todo o montante é da iniciativa privada, que constrói ou tem alvará de construção de 29 hotéis. Atualmente, em um raio de 100 km de Belo Horizonte, existem 33 mil leitos disponíveis.- O Mineirão estará totalmente entregue, pronto, em dezembro de 2012. Será um estádio com 64.500 cadeiras, todas cobertas, definitivas, nada de puxadinho. Ou seja, muito antes da Copa de 2014, e até mesmo da Copa das Confederações. Um detalhe importante de ressaltar, que não tem sido dito: o Mineirão estará todo operacionalizado nesta data de entrega. Geralmente, para acertar questões que vão além da conclusão da obra, são necessários cerca de seis meses. Estamos na frente.
A cidade que ficaria apenas dentro da Avenida do Contorno, tem hoje população superior a 2,3 milhões de habitantes, segundo o último censo. A região metropolitana da capital, com 34 municípios, supera as cinco milhões de pessoas, mais de 25% da população do estado, concentrada em uma área inferior à 2% da área de Minas Gerais. Belo Horizonte tem o quinto maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba, com riquezas produzidas de cerca de R$ 42 bilhões.
Além de ser conhecida pela boa culinária, pelo povo acolhedor e pela proximidade com várias cidades históricas, como Ouro Preto, Sabará, Mariana, Tiradentes e São João Del Rei, Belo Horizonte tem como cartão postal a região da Pampulha, que abriga o complexo do Mineirão.
Projeto ambicioso
Mais do que atender os milhares de turistas esperados para a Copa de 2014 (estima-se cerca de 600 mil estrangeiros, em todo o Brasil), a organização da Copa em Belo Horizonte prevê melhorias para toda a população. Segundo o presidente do Comitê Executivo das Copas da Prefeitura de Belo Horizonte, Tiago Lacerda, a cidade é uma das mais adiantadas em relação ao planejamento estratégico, que inclui, entre outros aspectos, infraestrutura esportiva, mobilidade urbana e turismo e rede hoteleira. Com um discurso afinado com o do secretário estadual, Tiago Lacerda afirmou que Belo Horizonte tem feito o dever de casa direitinho e tem méritos para receber o jogo de abertura.
- O pleito de Belo Horizonte pela abertura sempre foi muito natural. Desde o início, não decidimos investir em estádio ou mobilidade pensando no jogo de abertura. Os investimentos aqui, de forma natural, atenderam às especificações da abertura, como tamanho do estádio, novos hotéis, mobilidade. Tudo o que foi combinado, cumprimos, e isso é importante.
Para a mobilidade urbana, Belo Horizonte, que, como toda grande cidade, sofre com os problemas do trânsito, uma das soluções que será adotada é a implantação do sistema de BRT’s, Transporte Rápido sobre Ônibus, na sigla em inglês. A previsão é que, ao fim da obra, o BRT atenda, por dia, cerca de 750 mil pessoas.
Reivindicação antiga da cidade, o metrô da capital não está vinculado ao projeto da Copa de 2014. No momento, apenas uma linha opera em Belo Horizonte. Porém, recentemente, o Governo Federal divulgou a liberação de recursos para a expansão da rede, que prevê a construção das linhas 2 e 3. Segundo Tiago Lacerda, para 2013 (ano da Copa das Confederações), a linha 1 já deverá ter alguma melhora. Sobre o acesso aeroportuário da cidade, Belo Horizonte conta com dois aeroportos: o de Confins e o da Pampulha, que fica a cerca de cinco minutos do Mineirão. Para ambos os terminais, também estão previstos investimentos.
- Sobre Confins, estamos tranquilos, com o início das obras de ampliação e modernização do terminal 1. A Infraero deu início às obras. É importante também não esquecer do terminal 2, que está em fase de licitação. Sobre o aeroporto da Pampulha, vejo como um aeroporto estratégico. Como teremos jogos importantes, tanto em 2013 como em 2014, com certeza, teremos voos executivos, fretados, dos próprios membros da Fifa.
Com os olhos voltados para o futuro, a promessa é de que as obras na capital mineira deixarão um legado de muitas décadas. O torcedor poderá aproveitar uma cidade renovada e eficiente. A população terá uma casa arrumada.
Se Belo Horizonte será ou não a escolhida, isso não é possível garantir, apenas os membros da Fifa, que farão o anúncio em Zurique. Porém, já é possível antever que o torcedor mineiro, em coro com todo o Brasil, fará uma bela festa no Mineirão.