Uma cláusula no primeiro estatuto do clube palestrino impedia que atletas de origem brasileira participassem da equipe. O artigo foi extinto em poucos dias, mas o Palestra continuou sendo um clube ‘marginalizado’ na capital, de operários, imigrantes italianos e moradores de bairros fora do perímetro da avenida do Contorno.
O divisor de águas para o crescimento em massa da torcida cruzeirense foi a inauguração do Mineirão, em 1965, que coincidiu com o surgimento de um dos melhores times do Cruzeiro de todos os tempos, com Tostão, Piazza, Dirceu Lopes, Raul e companhia. Essa equipe foi campeã brasileira em 1966 e pentacampeã mineira, de 1965 a 1969.
Salto nas pesquisas e nos estádios
Torcida do Cruzeiro em clássico no Mineirão contra o Atlético nos anos 1960 |
Nos primeiros clássicos entre Atlético e Cruzeiro no Mineirão, nos anos 1960, a torcida celeste ocupava tradicionalmente um pequeno espaço atrás de um dos gols do Gigante da Pampulha, enquanto a alvinegra tomava todo o estádio. Uma pesquisa feita pelo Estado de Minas em 1965 apontou que a torcida alvinegra era mais que o dobro da celeste em Minas Gerais.
Como na época não havia pesquisas de torcida com metodologia científica de amostragem, o Estado de Minas espalhou urnas por vários pontos de Belo Horizonte e algumas cidades do interior. O Atlético registrou 344.374 votos (54,1%), enquanto o Cruzeiro obteve 169.897 (26,7%). O América, time de grande torcida na primeira metade do século, já estava em decadência: registrou 44.673 votos. Outros clubes mineiros que receberam votos foram Siderúrgica, Villa Nova, Democrata, Guarani, Uberlândia e Renascença.
Nos anos 1980, as primeiras pesquisas de torcidas feitas por institutos específicos começaram a surgir. Em 1983, a revista Placar publicou uma avaliação feita pelo Instituto Gallup, que apontava o Atlético com 46% da preferência dos mineiros e o Cruzeiro com 39%. Nos anos 1990, o quadro se reverteu e o clube celeste começou a figurar na frente do rival em diversas pesquisas.
O fato foi consolidado nesta década, quando praticamente todas as pesquisas de torcidas realizadas no Brasil apontaram o Cruzeiro na frente do Atlético com ampla frente de torcedores. Em 2010, o Instituto Datafolha mostrou o clube celeste com aproximadamente 8 milhões de torcedores, a sexta maior torcida do país, atrás de Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco.
Em 1997, o Cruzeiro bateu o recorde de público presente do Mineirão, com 132.834 torcedores, na final do Campeonato Mineiro, contra o Villa Nova.
Arrecadações recordes
Desde que se consolidou como uma das mais numerosas do Brasil, a torcida cruzeirense proporcionou ao seu clube grandes arrecadações, frutos de estádios lotados, mesmo com ingressos a preços altos.
Para se ter uma ideia, o Cruzeiro figura em oito das dez maiores arrecadações do Mineirão em partidas de clubes de futebol, desde 1994, quando passou a vigorar o Plano Real.
Maiores rendas do Mineirão desde que vigora o Plano Real:
Brasil 0 x 0 Argentina - 2008 - Eliminatórias da Copa 2010 - R$6.605.255,00
Cruzeiro 1 x 2 Estudiantes – Libertadores 2009 – R$2.764.366,43
Brasil 3 x 1 Argentina - 2004 - Eliminatórias da Copa 2006 - R$2.256.000,00
Cruzeiro 0 x 2 São Paulo – Libertadores 2010 – R$1.422.892,04
Cruzeiro 3 x 1 Grêmio – Libertadores 2009 – R$1.387.664,94
Cruzeiro 2 x 1 São Paulo – Libertadores 2009 – R$1.376.847,50
Atlético 2 x 0 Ipatinga – Mineiro 2010 – 1.209.820,00
Cruzeiro 2 x 2 Corinthians – Brasileiro 1998 – 1.182.862,00
Cruzeiro 5 x 0 Atlético – Mineiro 2009 – 1.078.742,50
Atlético 0 x 5 Cruzeiro – Mineiro 2008 – R$1.011.020,00
Atlético 0 x 2 Cruzeiro – Brasileiro 2008 – R$ 1.008.651,50
Atlético 3 x 2 Santos - Copa do Brasil 2009 - R$1.003.470