Se não foi um jogo tecnicamente excepcional, o clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro empolgou. Pressionado pela torcida, a única nas arquibancadas, o Galo começou a partida com muita força, lutando por todas as bolas. O Cruzeiro, perdido em campo, não conseguiu resistir e levou dois gols no primeiro tempo, de Danilinho e André. No segundo tempo, porém, o Cruzeiro voltou melhor e marcou dois com Anselmo Ramon, garantindo o empate por 2 a 2. O público de 17.724 pagantes saiu do estádio inconformado. O que parecia ser uma grande vitória alvinegra, até uma revanche da goleada por 6 a 1 sofrida na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011, acabou se transformando em um resultado até certo ponto decepcionante.
Com o resultado, o Galo chegou aos 28 pontos e se manteve no primeiro lugar na classificação. Se não tem mais 100% de aproveitamento no ano, ao menos se manteve invicto. O Cruzeiro, segundo colocado, com 25 pontos, ainda pode alcançar o maior rival. Se continuar como está, o Atlético-MG terá a vantagem de jogar, nas semifinais e na final, por dois empates ou por uma vitória e uma derrota pelo mesmo número de gols.
Na próxima rodada, o Atlético-MG enfrentará o Tupi, no domingo, às 16h (de Brasília), no Municipal, em Juiz de Fora. Nos mesmos dia e horário, o Cruzeiro receberá o Uberaba, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Antes, porém, as duas equipes terão compromissos pela Copa do Brasil. O Galo pega o Penarol, em Manaus, na quarta-feira, às 20h30m. Já o Cruzeiro encara o Chapecoense, em Santa Catarina, às 21h50m.
Provocações
O clima era quente desde antes do apito inicial. Ainda no aquecimento das equipes, no gramado da Arena do Jacaré, a torcida do Atlético-MG pegou no pé de Roger, com gritos irônicos sobre a participação da atriz Deborah Secco no filme 'Bruna Surfistinha'. O meia do Cruzeiro não deixou por menos e, na volta para o vestiário, fez orelhas de coelho com o número seis nas mãos, em uma clara referência à goleada de 6 a 1 no último confronto.
O jogo começou violento. Mal a bola saiu, e Danilinho deu uma entrada dura em Montillo. O argentino reclamou bastante, mas o árbitro nada marcou. Na sequência, Wellington Paulista pediu pênalti, mas o jogo seguiu. O atacante celeste bateu boca com o goleiro Renan Ribeiro, e ambos receberam o cartão amarelo.
Os jogadores do Galo brigavam por todas as bolas e dificultavam muito o trabalho do Cruzeiro. A marcação era implacável, e a presença no ataque, constante. Fábio era muito acionado, principalmente em jogadas de André e Guilherme. Este último teve chance clara, ao entrar sozinho na área e bater para o gol. Porém, o volante Marcelo Oliveira se recuperou de forma brilhante e evitou o primeiro do Atlético-MG.
A pressão alvinegra era muito grande, e o gol parecia questão de tempo. Aos 23 minutos, pela esquerda, Richarlyson fez um cruzamento perfeito, e Danilinho, de cabeça, sozinho na área, tocou para o fundo das redes, sem chances para Fábio.
Em vantagem no placar, o Atlético-MG continuou bem melhor. O Cruzeiro não conseguia sequer chegar à área adversária. O Galo tocava a bola com facilidade, esperando o melhor momento para finalizar. E, aos 38 minutos, o time alvinegro chegou ao segundo gol. Guilherme, na entrada da área, tocou para Danilinho, por cima da zaga. O jogador bateu na saída de Fábio, e, antes de a bola entrar, André tocou para as redes. Foi o oitavo dele no Campeonato Mineiro, garantindo a artilharia da competição, ao lado de Wellington Paulista, da Raposa.
Anselmo Ramon brilha após protagonizar lance do 'Inacreditável Futebol Clube'
O Cruzeiro voltou para o segundo tempo com duas alterações: Roger e Everton entraram nas vagas de Wallyson e Marcos. No início o panorama não mudou muito, e o Atlético-MG continuou com mais volume de jogo. Porém, quem teve a chance mais clara de marcar foi a Raposa. Montillo entrou na área, driblou o goleiro Renan Ribeiro e tocou para Anselmo Ramon. O atacante, livre, sem goleiro, debaixo das traves, concluiu por cima. Uma jogada digna de Inacreditável Futebol Clube.
Aos nove minutos, Roger quase prejudicou o Cruzeiro com uma expulsão. Na perseguição a Danilinho na intermediária defensiva da Raposa, deu uma cotovelada por trás, de cima para baixo, na nuca do atacante adversário. Merecia cartão vermelho pela agressão, mas foi punido apenas com o amarelo pelo árbitro.
Pouco depois, aos 14, Anselmo Ramon se redimiu. Diego Renan cruzou da direita, a bola desviou em Pierre e enganou Renan Ribeiro, que saiu mal do gol. Anselmo Ramon, oportunista, de cabeça, só teve o trabalho de tocar para o fundo do gol. O Cruzeiro estava de volta ao jogo.
A partir daí, as mudanças começaram a fazer efeito. Com Roger, Montillo e, principalmente, Everton, que entrou muito bem na partida, a Raposa chegava com muita força. Wellington Paulista recebeu ótimo passe de Roger e, da esquerda, bateu firme. A bola passou raspando a trave de Renan Ribeiro, que ficou só na torcida.
Cuca percebeu o crescimento do adversário e também fez duas alterações. Neto Berola e Mancini entraram nas vagas de Bernard e André. A intenção era explorar os contra-ataques, principalmente com a velocidade de Neto Berola.
E o Galo, aos 31 minutos, por muito pouco não chegou ao terceiro gol. Fillipe Soutto, da intermediária, soltou a bomba. A bola explodiu na trave esquerda de Fábio, que saltou, mas não conseguiu alcançar. Na sobra, Guilherme, livre, chutou para a linha de fundo.
O erro foi fatal. Aos 34 minutos, Montillo encontrou Anselmo Ramon. O atacante dominou, entrou na área e bateu forte, cruzado e rasteiro, sem chances para Renan Ribeiro: 2 a 2. A torcida atleticana, revoltada, começou a vaiar a equipe e arremessou até uma garrafa grande de plástico no gramado. O árbitro recolheu a garrafa e entregou ao quarto árbitro.
Para piorar a situação do Atlético-MG, aos 37 minutos, Pierre fez uma falta dura em Montillo e, como já tinha um cartão amarelo, foi expulso. Com um a menos, o Galo não teve forças para buscar a vitória e acabou se contentando em segurar o empate.
Via: GloboEsporte