Em casa, Montillo vive dias mais tranquilos desde a última quarta-feira, quando o caçula (o jogador também é pai de Valentin, de três anos) teve alta após cirurgia de emergência no intestino. Portador de Síndrome de Down, Santino nasceu com má formação no órgão e também no coração, no qual realizou série de intervenções no começo ano. O argentino, porém, admitiu que a situação o deixou fragilizado em alguns momentos.
- Agora, que tudo está tranquilo e ele está em casa, posso falar que é muito difícil separar o meu filho do futebol. Sempre falo com minha família, com minha mulher, que fica com ele o tempo todo, que tenho que continuar trabalhando, mas também é difícil viajar, concentrar, e deixá-lo no hospital. Eu nunca imaginei ter um filho tão forte quanto ele.
Ao mesmo tempo, a batalha de Santino é encarada como estímulo para que Montillo e o Cruzeiro deixem para trás uma temporada turbulenta, que teve o título mineiro como única alegria diante de uma eliminação traumática na Libertadores e a pífia participação no Brasileirão.
- É cada coisa que ele passa e briga pela vida. Não posso ficar chorando. Vejo as coisas que fazem com ele na idade que tem, a força que mostra para mim, e tenho que continuar.
Força que camisa 10 demonstrou ao longo de todo o ano em campo. Se a atuação discreta na derrota por 1 a 0 para o Botafogo, sábado, no Engenhão, foi um ponto fora da curva, os números deixam claro sua importância para o Cruzeiro. Além de artilheiro, com 12 gols, Montillo é quem mais dá assistências, finaliza, sofre faltas e levanta bolas na área na equipe, além de segundo com mais passes certos. É também quem mais jogou, com impressionantes 31 aparições.
Tamanha importância faz com que o jogador encare o momento ruim do Cruzeiro de peito aberto. E foi assim que ele recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM, na Toca da Raposa II, para falar da boa temporada individual, do ano ruim da equipe, dos problemas particulares, dos planos para o futuro e até do jeito cada vez mais brasileiro de ser. Com português impecável, cabelo moicano, dancinhas nas comemorações e gosto pelo sertanejo, ele até admitiu:
- Estou virando mineiro, né?
É, Montillo. Um mineiro que, mesmo que pelas beiradas, encara as dificuldades em nome da superação.
Confira toda a entrevista com Montillo
Primeiro, queria que você falasse sobre essa sua temporada de destaque. Por mais que a adaptação já tenha sido rápida em 2010, o desempenho este ano tem surpreendido? É seu melhor ano na carreira?
Não sei se é a melhor, ou não. Sempre falo que tenho que fazer o melhor em campo e demonstrar isso a cada jogo. Não adianta ir bem em uma partida e sumir por três ou quatro. A vida no futebol é difícil. É preciso mostrar todos os dias nos treinos e nos jogos. Por sorte, não machuquei no ano, joguei quase todas as partidas e em um ritmo bom. Cheguei à seleção. Então, foi um ano muito importante no profissional. Quero continuar do mesmo jeito e sempre melhorar. Não quero ficar só nisso. Preciso ajudar o Cruzeiro a ganhar partidas e conquistar coisas importantes.
Como você disse, foram pouquíssimas as ausências na temporada. No Brasileirão, só não jogou uma vez (contra o Figueirense, no segundo turno, por suspensão). Como conseguir isso mesmo sendo um dos jogadores mais caçados em campo (com 95, é o quarto que mais sofreu faltas na competição)? Algum tipo de atitude especial fora de campo?
Deixa primeiro eu tocar na madeira, né? (risos). Sou um cara tranquilo, que gosta de treinar, não gosta do DM. Sempre até brinco com a fisioterapia. Mas cada corpo é diferente. Já passei por situações onde machuquei o ombro na Universidad de Chile, depois foi a coxa também. São coisas que fazem parte do futebol. Ainda bem que desde que cheguei aqui não tive nenhuma lesão importante. Mas não sou de ferro, não. Às vezes, o cara toma uma pancada e tem que ficar fora. Por sorte, isso não aconteceu comigo e pude ajudar o time a ganhar jogos.
Você acha que isso acontece muito por ser argentino, que tem a cultura de não medir esforços dentro de campo? Aqui, em determinados momentos os jogadores se queixam por qualquer dor, dão o chamado migué...
Não vou falar do brasileiro ou do argentino. Mas eu comecei a jogar tarde, com 17, 18 anos. Até então, só jogava pelada. E na pelada você não pode sair, tem que continuar na briga em campo. A escola é diferente. Não sei se é por ser brasileiro ou argentino. Eu gosto de jogar sempre. Se tenho uma dor, vou continuar jogando. A não ser que seja algo que realmente me impeça, como um estiramento. Se for uma dor que eu consiga suportar, vou jogar todas as partidas.
Como foi esse início tardio no futebol? Passou por muitas dificuldades?
Eu não imaginava jogar profissionalmente. Eu jogava em um time do bairro, que não disputava campeonatos grandes e fui fazer teste em um clube chamado “Por Venir”, que é da terceira divisão. Não fui aprovado, o cara disse que eu não tinha condição. Só que na semana seguinte fui ao San Lorenzo e me deixaram treinar por um tempo. No ano seguinte, comecei na Sexta, como chamamos (equivalente ao juniores) e só no outro ano cheguei ao profissionais. Foi uma carreira curta. Às vezes, o cara fica na base oito, nove anos e não sobe. Então, a sorte também faz parte do futebol.
Mas você sempre teve o futebol como um prazer, como uma diversão, e não como um trampolim financeiro. Sua família é estruturada, te deu apoio. Isso foi importante para que as coisas acontecessem tão naturalmente?
Meus pais sempre trabalharam, nunca faltou nada, agradeço a eles e sempre disseram que era importante estudar. Não vivia só para jogar futebol. Só depois que tive que escolher, porque era necessário. Me falta um ano para me formar, mas porque comecei a jogar mesmo para valer. Eu mesmo queria estudar. Sempre quis ser jornalista esportivo. Acabei tendo que escolher e escolhi bem, graças a Deus (risos). Agora, tenho curtido o futebol, que é importante. Curto, mas com responsabilidade, sem esquecer tudo que passei para chegar onde cheguei.
Por falar em valorizar a caminhada, as dificuldades, você foge bastante do estereótipo do boleiro aqui no Brasil. É de fácil acesso, bom de papo, bem esclarecido...
Pode ser. Sempre fui do mesmo jeito. Gosto de ter respeito com todas as pessoas, não tenho problema em falar com ninguém. Sou igual quando o time perde ou eu jogo mal. Não é porque fui mal que não vou falar com ninguém. Aqui, o futebol é assim. O jornalista quer falar com o jogador, e não somos melhores ou piores por jogarmos bem ou mal. Consegui uma estabilidade ao longo da carreira. Sou um cara muito tranquilo. Não gosto de mexer com ninguém. Não gosto que mexam comigo, mas com respeito falo com todos.
Contrastando com o seu bom momento pessoal, o Cruzeiro vive uma das piores fases da história, brigando contra um rebaixamento que nunca aconteceu. Como lidar com isso, com esse compromisso de ter que ser o cara que vai evitar esse problema?
São coisas que acontecem. Como te disse, esse ano tive a sorte de jogar na seleção, o que é difícil não jogando na Europa em uma equipe como a Argentina. E o Cruzeiro não esteva bem. Mas sempre falo que jogamos em 11, quando o time vai mal, eu também vou mal. Ninguém ganha uma partida sozinho. Trato de fazer o melhor. Às vezes, vai dar certo, outras não. Quando vencemos, a vitória é de todos. Posso fazer um gol ou dar uma assistência, mas todos correram por 90 minutos. Às vezes, nem nomes muito diferenciados como Neymar e Messi conseguem ganhar sozinhos, apesar de terem esse dom. O futebol hoje está muito parelho. Qualquer time pode ganhar de qualquer um. Há oito, nove anos, quem diria que um time do Chile ia vir jogar contra um brasileiro e ia ganhar? Agora, La U veio e fez quatro em um adversário que briga pelo título.
Há explicação para uma queda de rendimento tão grande de um time que começou o ano como o melhor das Américas, com uma campanha sensacional na primeira fase da Libertadores, e agora luta contra o rebaixamento?
Não tem explicação. Procuramos durante todo o ano e não conseguimos. Sabemos que saíram vários jogadores importantes, outros machucaram... Foi difícil para o Cruzeiro jogar duas ou três partidas com o mesmo time no Brasileiro. E quando entra um cara que está em outro ritmo muda muito. Vamos arrumando poucas peças. Agora, ter que mudar sempre quatro ou cinco é muito. Não que quem esteja fora seja pior, mas pela arrumação mesmo. Perdemos o Gil, o Thiago Ribeiro, o Wallyson... São todos muito importantes. Mas não é uma desculpa. Caímos porque não jogamos bem. Vamos fugir dessa realidade. Às vezes, time grande tem que passar por momentos ruins para saber como funciona. O River caiu na Argentina e nunca tinha caído. Como já disse, o futebol está parelho, ninguém ganha só com a camisa.
A eliminação para o Once Caldas, nas oitavas de final da Libertadores, foi o ponto determinante? O time não conseguiu se recompor?
Pode ser, mas isso não pode ficar na cabeça por seis, sete meses. Pode até ficar por uma semana, duas partidas, mas não acho que seja por isso que caiu o rendimento. Fizemos uma partida ruim, já falamos muito sobre isso, mas já foi. Na outra semana, fomos campeões do Mineiro. Parecia que íamos reagir. Só que o Brasileiro não foi regular. Faltam seis finais e não podemos pensar no que ficou para trás.
Nessa luta contra a queda para Série B, você, que é o principal jogador, garante a permanência na Série A?
Eu não sou bruxo para garantir. Mas podemos garantir que vamos fazer de tudo para isso. Se Deus quiser e os placares forem bons para nós, vamos pensar na Sul-Americana. Temos que pensar sempre para cima, não para baixo. A realidade nos faz olhar para as duas situações, mas sou otimista e olho para Sul-Americana. É preciso pensar assim.
Você não é bruxo para prever resultados e garantir a permanência na Série A, mas e a sua permanência no Cruzeiro em 2012? Isso você pode decidir e falar.
No momento, fico, sim. Tudo que falaram de Corinthians e outros times até agora é só coisa de imprensa. Ninguém me ligou para falar que conta comigo no ano que vem. Penso dia a dia. Não sei o que vai acontecer depois de dezembro. Vou jogar todos os jogos que faltam, me entregar em campo e estou muito bem aqui. Depois, não sei o que vai acontecer. Estou tranquilo e disposto a fazer as coisas bem.
Seu plano de carreira é ficar no Brasil ou é a hora de realizar o sonho de jogar na Europa?
Meu sonho sempre foi jogar em time grande. Tive a sorte de realizar no Chile, na Argentina, aqui no Brasil... Já tive a oportunidade de ir para o Palermo (ITA), mas os números não foram suficientes para o Cruzeiro e estou tranquilo. Não tenho pressa para ir embora. Minha família está bem em Belo Horizonte e não gosto de mudar o tempo todo. Lógico que pode vir um time grande de fora e fazer um negócio bom para o Cruzeiro, para mim, para minha família. Aí, vou pensar. Mas estou bem aqui. A cidade é boa para morar, as pessoas são boas para mim, para minha família.
Então ir para Europa não é uma obsessão?
Às vezes, pensamos em sair para Europa, para um grande, de olho na seleção. Aqui na América, é mais difícil. Mas jogando aqui no Brasil eu tive essa oportunidade. Então, estou tranquilo. Não estou desesperado para sair. Vou seguir trabalhando, fazendo o melhor. O futebol muda muito de um dia para o outro. O cara é o melhor hoje e no outro dia é o pior. Tenho que pensar em ajudar o Cruzeiro.
Muitos argentinos já passaram pelo Brasil e mantêm o estilo reservado, a cultura local, entre outras coisas. Você já tem outro perfil: adotou o moicano do Neymar, dança axé nas comemorações, faz como se estivesse andando a cavalo, fala muito bem o português. Já virou meio brasileiro?
Estou virando mineiro, né? (risos). Falar, eu tenho que falar. Estou aqui todos os dias, convivo com o pessoal e é preciso. Gosto de aprender sempre. Sei que tenho muito a melhorar, mas dá para compreender. Sobre o cabelo, tinha que mudar, era necessário fazer alguma coisa. Todo mundo falava que estava ruim. Não está bom, mas ficou um pouco melhor (risos).
E sobre as danças? Realmente curte axé, música brasileira...
Agora, estou gostando mais de sertanejo, né? É o que todos gostam, todos escutam. Já a dança saiu de uma concentração, bebendo chimarrão com o Ortigoza e o Naldo no quarto. Acabou que o gol saiu e eu dancei. Eles continuaram, e eu segui dançando. Mas agora o cavalo está parado, né? Faz tempo que não dou uma galopada (risos).
Essa galopada, por sinal, já virou uma marca. De onde surgiu?
Não tem muita explicação. Era de um jogo de vídeo game que eu brincava com o Victorino ainda na Universidad de Chile. Estava falando com ele pelo telefone, disse que ia fazer um gol e ele pediu para fazer a comemoração. Continuei e virou marca. Tem até boneco. Não posso parar mais.
Você falou que já curte música brasileira. Quais são suas preferências aqui no Brasil? Música, comida...
Quando eu cheguei, só conhecia a Ivete Sangalo. Eu e minha família gostamos muito. Agora, também escutamos Jorge e Mateus, Gustavo Lima... Sobre comida, são muitas boas. Nunca tinha experimentado o feijão tropeiro, e agora gosto bastante. Por isso, falo que estou virando mineiro.
A próxima partida do Cruzeiro é justamente contra o Flamengo, um adversário que você ficou marcado por realizar boas partidas. Foi quando você apareceu para o Brasil, na Libertadores de 2010. É um rival especial?
Fiquei como carrasco por conta do gol da eliminação nas quartas de final da Libertadores do ano passado. Quando cheguei, todo mundo falava isso. Aí, no Brasileiro, ganhamos as duas partidas. Acho que isso marcou. Mas é um jogo a mais. Respeito muito o Flamengo, que é muito grande. Jogo como sempre jogo. Não vou melhor por ser contra eles. É um adversário que temos que respeitar, que tem um dos melhores jogadores do Brasil, o Ronaldinho. Marcou por ser algo difícil para Universidad de Chile, contra um Flamengo com Adriano, Vágner Love, Léo Moura.
Inclusive, antes de acertar com o Cruzeiro, sua contratação foi dada praticamente como certa pelo Flamengo. O que aconteceu para que desse errado?
A torcida acha que eu não quis jogar lá, mas o problema foi que o clube não quis colocar o dinheiro para La U. Sempre disse que dependia da liberação deles. Não posso passar por cima. O Flamengo queria trocar por um jogador, a Universidad não aceitou, e o Cruzeiro fez o investimento. Nunca disse que não queria jogar no Flamengo. Estava tudo certo, mas eles não tinham ou não quiseram colocar o dinheiro.
Eu queria que você falasse também sobre a sua história com seu filho, Santino, de um ano, que precisou passar por cirurgias esse ano. É algo que você consegue separar bem ou interfere no dia a dia de trabalho? Como lidar com isso tudo?
É muito difícil. Agora, que tudo está tranquilo e ele está em casa, posso falar que é muito difícil separar o meu filho do futebol. Sempre falo com minha família, com minha mulher, que fica com ele o tempo todo, que tenho que continuar trabalhando, mas também é difícil viajar, concentrar, e deixá-lo no hospital. Com a ajuda de vocês (jornalistas), do torcedor, dos companheiros, continuo a vir treinar com alegria, com sorriso, porque não posso misturar. Todo mundo tem problema com um parente, com alguém que ama muito. Eu tenho com meu filho e não posso fugir disso. Se eu ficar em casa chorando e deixar o futebol de lado... Com as quatro cirurgias que ele fez, com tantas internações, não poderia jogar. Tenho que seguir trabalhando e ficar com ele. Minha mulher também entende assim. Mas é difícil. É um filho. Tenho outro filho maior e só com uma gripe fico louco. Imagina com cirurgia, na UTI, tendo que ficar no hospital. É difícil. Já dormi em sofá.... Não gosto de colocar desculpas. Posso vir aqui, treinar, jogar bem ou mal, mas não vai ser uma desculpa para eu ficar fora. A cabeça estava bem, o torcedor ajudando e o treinador também. Tenho que respeitar os companheiros que precisam de mim, os torcedores que compram ingresso, e faço o melhor.
A luta dele pela vida é algo que te dá força para superar essa adversidade também?
Com certeza. Vejo as coisas que fazem com ele na idade que tem, a força que mostra para mim, e tenho que continuar. Por isso, falo que uma dor de tornozelo não é nada em comparação com o que ele está sofrendo. Eu nunca imaginei ter um filho tão forte quanto ele. É cada coisa que ele passa e briga pela vida. Não posso ficar chorando. Ele está nas mãos dos médicos e de Deus. Trabalho por ele.
O apoio do povo mineiro e brasileiro pode te fazer ficar mais tempo no Brasil, no Cruzeiro...
Com certeza. Sempre falo brincando com minha mulher que daqui a pouco vou virar o pai do Santino, não será mais Santino filho do Montillo. Para mim, isso tudo é muito especial. Onde vou, me perguntam como está meu filho. É algo que não posso pagar com dinheiro, é algo que sai das pessoas. Assim como a faixa da Universidad de Chile, o estádio todo cantando o nome de Santino. É algo que nunca vou esquecer. Está tudo guardado para ele assistir quando estiver grande.
Queria que você falasse também sobre a Copa de 2014. Viver aqui no Brasil, sentir toda essa atmosfera, o faz ter ainda mais desejo de participar?
Jogar um Mundial é um sonho. Disputei o Sub-20 e foi uma das melhores experiências da carreira, depois dessa agora que foi atuar pela seleção principal. É o sonho de todo jogador. Sei que é muito difícil, mas não posso deixar de sonhar. Tenho que seguir trabalhando e buscar sempre times grandes. Não é por isso que vou jogar, mas fica mais fácil. É um caminho longo.
Você tem uma história muito curta como profissional na Argentina, foram poucos anos no San Lorenzo. Se sente em dívida por isso? Tem o desejo de voltar e triunfar no seu país?
Não fico pensando nisso. Passei pela Argentina, tive momentos bons, momentos ruins, outros que não joguei, mas aprendi muito ao longo da carreira. Com certeza, se eu não jogava quando estava lá, alguma coisa eu fiz errado. Ou não estava bem ou não fazia o que o treinador pedia. Nunca vou achar que o problema não era meu. Com certeza era. Na Universidad de Chile, aprendi muito, joguei quase todas as partidas e aqui sigo aprendendo. Disputo um futebol muito competitivo e consegui um nome de forma rápida. Quando cheguei, tinha um certo medo. São tantos grandes jogadores... Por sorte, deu tudo certo.
Se você encerrar a carreira sem voltar a jogar lá, então, não fará falta?
Não. Às vezes, temos que procurar as coisas fora do país. Em determinados momentos, na Argentina alguns não conseguem jogar por algum motivo. Muitas coisas acontecem. Foi assim com muitos jogadores. Um exemplo é o Darío Conca, que atuou pouco lá e aqui foi o melhor do torneio com merecimento. O estilo pode encaixar melhor em outro time. Foi assim com ele, comigo... Não penso que é preciso voltar para mostrar algo. Messi não jogou nunca na Argentina e é difícil que jogue, a não ser que tenha vontade de atuar por algum time específico. Jogando só fora, ele é tudo que é.
E suas referências no tempo em que viveu em seu país?
Sempre olhei muito para Pablo Aimar. Gosto muito do jeito dele. Perdi um pouco o contato por estar no Benfica e não passar tantos jogos na televisão, mas vejo os gols. Na época do River, eu era mais novo e observava muito. É um cara que olha sempre para frente, deixa o companheiro sozinho para marcar os gols. É um dos mais técnicos que conheço.
Para finalizar, você disse que tinha o desejo de ser jornalista esportivo. Se você, como repórter, encontrasse com o Montillo, o que perguntaria?
Ah, o que eu perguntaria? “Por que errou o pênalti contra o Atlético-MG, pô?” (risos).
Entrevista concedida ao GloboEsporte.com