Neste sábado, Vágner Mancini atingirá sua maior passagem entre os grandes clubes do futebol brasileiro que comandou. Em busca de ampliar sua estabilidade na elite do futebol nacional, o treinador divide sua trajetória na Toca da Raposa em duas fases e alerta para uma nova era vivenciada no clube celeste.
Contratado em 26 de setembro de 2011, Vágner Mancini salienta que chegou ao clube em situação delicada, diferente da atual. “Eu acho que estamos num começo de trabalho, ainda muita coisa tem de ser acertada, melhorada, mas é um início melhor que foi aquela época de 2011, quando chegamos para apagar fogueira enorme”, disse.
“Nunca falei isso aqui, mas seriam poucos que aceitariam assumir o Cruzeiro numa situação daquela, e peço que todos enxerguem isso. Foi situação atípica até mesmo dentro do clube, uma equipe que, dificilmente, passaria por aquele momento e, felizmente, saiu”, acrescentou.
Com 38,88% de aproveitamento nas últimas 12 rodadas do Brasileirão, Mancini conseguiu evitar o rebaixamento inédito do Cruzeiro para a Série B. Agora com a possibilidade de conduzir a equipe desde o princípio da temporada, o treinador ressalta que uma nova administração começa no clube, depois de 17 anos da “era Perrella”.
“Agora a gente está iniciando um novo trabalho, com uma equipe remodelada, uma gestão nova de administração, num clube com momento financeiro muito diferente do que todos imaginam”, afirmou Vágner Mancini.
“Por isso, tivemos de reestruturar a equipe, eu sabia disso quando fiz contrato para este ano. Não estou dizendo que não estava a par daquilo que deveria acontecer, mas o torcedor, de uma maneira geral, tem de entender que o Cruzeiro de hoje é bem diferente do que todos conhecem, e vai tentar fazer com que a roda gire novamente. E eu sou o cara que a diretoria acredita que possa fazer isso aqui”, complementou o treinador, que conviveu, no princípio desta temporada, com a ‘sombra’ de Vanderlei Luxemburgo, contratado nessa semana pelo Grêmio.
A maior passagem
Vágner Mancini completará cinco meses à frente do Cruzeiro neste domingo, naquela que é sua maior passagem entre os principais clubes brasileiros. Antes de chegar à Toca da Raposa, o treinador esteve à frente de três grandes: Grêmio, Vasco e Santos. Nesses clubes, ele teve “prazo de validade” curto. Sua maior passagem aconteceu no Santos, onde permaneceu por 4 meses e 28 dias (contados entre a apresentação e o dia em que teve a demissão anunciada).
Entre fevereiro e julho de 2009, Vágner Mancini comandou o Santos em 29 partidas. No Vasco, em 2010, ele permaneceu como treinador do time cruz-maltino por 18 jogos. Já no Grêmio, foram apenas seis partidas à frente do Tricolor em 2007, apesar de não ter sido derrotado uma vez sequer.
Agora no Cruzeiro, Mancini contabiliza 45,09% de aproveitamento. Além de 12 jogos pelo Brasileirão de 2011, ele soma três compromissos pelo Campeonato Mineiro de 2012 e outros dois amistosos no princípio desta temporada. Sob seu comando, a Raposa soma seis vitórias, cinco empates e seis derrotas.
Aproveitamentos positivos
Embora tenha permanecido por períodos curtos nos grandes clubes, Vágner Mancini obteve bons aproveitamentos. No Grêmio, a invencibilidade durante os seis jogos em que esteve à frente da equipe lhe renderam 77,77% dos pontos somados, com quatro vitórias e dois empates.
A queda do treinador no Tricolor gaúcho aconteceu após vitória por 1 a 0 sobre o Jaciara-MT, pela Copa do Brasil. A diretoria gremista alegou que, apesar dos bons resultados, o trabalho havia sido reprovado.
Já no Santos, o aproveitamento de Mancini foi de 58,62% (14 vitórias, nove empates e seis derrotas). Vice-campeão paulista, ele fracassou na Copa do Brasil, com eliminação diante do CSA-AL, o que o deixou pressionado. Quatro dias após sua demissão, o clube contratou Vanderlei Luxemburgo.
Bom rendimento foi atingido também no Vasco. Ele deixou a equipe da Colina com 62,96% de pontos somados após 18 jogos, com dez vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Depois de ser vice-campeão da Taça Guanabara, resultados negativos na Taça Rio e na Copa do Brasil abreviaram sua trajetória à frente do time carioca.
A longevidade de Mancini nos grandes*:
Grêmio: dois meses e dois dias (entre 12 de dezembro de 2007 e 14 de fevereiro de 2008)
Santos: quatro meses e 28 dias (entre 16 de fevereiro e 13 de julho)
Vasco: três meses e 11 dias (entre 14 de dezembro de 2009 e 25 de março de 2010)
Cruzeiro: quatro meses e 29 dias (entre 26 de fevereiro e 25 de fevereiro de 2012)
*período contado entre a data de apresentação e o anúncio da demissão